Cul d Sac


Estou em processo de desenvolvimento de uma apresentação de projeto em 3D.Para isso, recebi o urbanístico com o greide da rua para os acessos dos condomínios.
Neste acesso, existem diversas interseções e cul d sacs. Se estivessemos trabalhando com o parcelamento dos solos desde o início do nosso trabalho, utilizariamos a divisa como área útil de projeto, convertendo-a em parcel e movendo para o mesmo site
que os alinhamentos que traçaríamos (para definir o arruamento do urbanístico), sendo assim o programa dividiria automaticamente os lotes, apresentando as etiquetas que gostaríamos, como de áreas, comprimento de frente e lateral, raios e desenvolvimentos. Veja o exemplo abaixo na figura de um desenho do Mastering Series, e que eu pretendo detalhar mais posteriormente.


Mas vamos ao nosso caso.
Quando tenho uma rua com um retorno em sua extremidade, a famosa Cul d Sac, como poderei fazer esse tipo de situação? Veja a condição.


Como poderei fazer esse tipo de circulação?
Normalmente, em projetos de rodovia, fazemos os seguintes passos com as respectivas entidades envolvidas:

1 -  Geramos o terreno natural; 



2 – Convertemos a polilinha em alinhamento horizontal;
  
3 – Criamos a vista do perfil natural por onde esse alinhamento passa (Profile View); e depois o alinhamento vertical ou greide (Profile);
4 -  Criamos as seções tipo ou leitos carroçáveis;
5 -  Informamos tudo e geramos o corredor (Corridor)
Todos esses elementos são básicos e obrigatórios para se modelar um corredor. São tantos que dessa vez não dá nem pra resumir, mas mesmo assim, estamos à disposição caso queiram saber.
Esse procedimento nós fazemos quando se trata de um corredor simples. No nosso caso, além de passar por essas etapas, precisamos informar os alinhamentos que serão usados como alvo (target) para as seções (assemblies).
Após eu ter tido o trabalho de unir todas as polilinhas que vieram como curvas de nível do levantamento, inserido o valor de elevação no campo “elevation” dentro das propriedades de cada uma das polilinhas e depois criado a superfície com definição nas curvas.

Precisei iniciar as atividades para se gerar um corredor. Como já possuimos nesse desenho o eixo da rua representada por uma polilinha, para que possamos transformá-la em alinhamento horizontal onde passará a via de acesso local, temos que usar o comando Alignment from objects.


Além disso, na figura o usuário pode perceber que temos um arco mais interno como guia e um mais externo como limite da quadra.
É necessário criar 1 alinhamento para cada arco.
Porque? Vamos lá. Temos:
1 – O alinhamento do eixo principal:
Onde passará a seção cheia do leito carroçável com o meio-fio até o alinhamento da guia, utilizando o alinhamento da guia como alvo.
2 – Alinhamento da guia:
Onde passará a meia seção (composta por guia, sarjeta e calçada), utilizando o alinhamento do limite da quadra como alvo para a calçada.
Mas qual eu utilizarei, a meia seção para a esquerda ou para a direita? Isso depende de para qual sentido você criou os alinhamentos. Imagine que sua meia seção foi montada á direita. Como o Cul d Sac está ao sul, sentido anti-horário, imagine que sua mão está a direita e você vai percorrer esse alinhamento com a mão direita estendida. Com isso você irá preencher toda essa área com seções no lado certo.
Para esse nosso exemplo utilizei o estilo de estaqueamento de 20 em 20m (outro assunto para novas postagens).

3 – Alinhamento da quadra:
Neste chegará a calçada da meia seção, como dito anteriormente.

Veja abaixo.

O sentido pode ser verificado pela ordem das estacas. Não fiquem imaginando um relógio de parede com uma carinha mostrando a língua no Cul d Sac, tentem se concentrar.
Após criar os alinhamentos para os 3 objetos, criei o perfil e o projeto para o eixo central, o eixo da guia e o eixo da quadra.
Determinei que os perfis sairiam com o mesmo nome dos alinhamentos em escala 1:1000 (que já estava configurada em meu template).

Nomes:
Alinhamento e perfil do eixo principal = Rua 5;
Alinhamento e pefil da guia = Rua 5 – Guia;
Alinhamento da quadra = Rua5 – Quadra;

Para traçar o alinhamento vertical,
ativei o data bands (aquela tabelinha que fica anexada ao perfil projetado - outro assunto para o blog) padrão DER do template brasileiro que existe desde a versão 2011, indicando as estacas, cotas do terreno e do projeto (que devem ser mudadas posteriormente pelo projetista em locação da planta), planimetria e quilometragem. Veja abaixo.


Lógicamente, nesse post não são mencionados os parâmetros que podem ser definidos para o projeto, como PI, PC e PV, além do campo de visibilidade fator K, aclive ou declive mínimo estipulado, entre outros. Essas condições se referem ao estudo geométrico da linha do perfil vertical, que será explanado em outra oportunidade.
Aproximando, temos os seguintes.

Finalmente, para gerar o corredor, vamos usar 2 seções. Para isso, são necessárias algumas ressalvas.
1ª Essas seções (assembly) foram construídas a partir das toolpalletes contendo elementos do Civil 3D.
2ª Os sub-assemblies ou componentes das seções utilizadas foram:
1-      Seção Leito Carroçavel:
Pista de rolamento:LaneSuperelevationAOR
2 – Guia - Calçada à direita:
Guia: Basic CurbandGutter
Calçada: Urbansidewalk
Talude: BasicSideSlopeCutDitch (Esse elemento se trata do talude que será inserido na extremidade do assembly que fará a função de corte e aterro 1:1 interagindo com o terreno natural).
Usei especificamente o LaneSuperelevationAOR, não por que existe superelevação neste arruamento pois estamos projetando dentro de um condomínio onde a velocidade limite não ultrapassa os 20 km/h, mas porque ele libera o target para unirmos esse pavimento ao arco da guia.
Todas as dimensões do leito carroçável foram aplicadas nas propriedades de cada subassembly. Essas medidas são selecionadas pelo usuário na toolpalletes.


Integrando todos esses componentes vamos finalmente fazer a rua. Você pode determinar a geração do corredor no ponto do início da curva do arco referente a guia, como mostrado abaixo.


Para visualizar melhor, determinar a freqüência de 0,5m. Com isso ele adicionará uma seção desta a cada meio metro ao longo do alinhamento.
Na tela target, definir como abaixo.
É mais fácil você selecionar na tela e depois adicionar, como abaixo.


O resultado por enquanto é esse, em planta.


Após isso fazer para a outra seção. Lembre-se de usar o target da calçada para o alinhamento da quadra e a superfície do terreno natural para o talude, como segue abaixo. Lembre-se também que, sempre que você for modelar um corredor, definir o projeto dos alinhamentos para o vertical.


Resultados em planta e em 3D.

Após isso, podemos fazer os cálculos para a movimentação de terra, gastos de materiais, simular diagrama de bruckner, criação de linhas de seções transversais para cálculos e notas de serviço (recurso que melhorou para os brasileiros nessa nova versão em relatórios).
Esse tipo de projeto geralmente possui não apenas cul de sacs, mas também interseções em sua via arterial. Interseções estas que pretendo mostrar pra vocês assim que puder.
No curso com o pessoal da TGBrandão (Rodovias) na Tecgraf vimos como podemos utilizar outros objetos para a seção, determinando uma condicional para determinar que a valeta só ficará no corte, como mostrado abaixo. Acho esse recurso muito interessante para os profissionais desse ramo.

Para o pessoal de usina, podemos utilizar o alinhamento como um canal de vinhaça. Enfim, existem diversas possibilidades para trabalhar com os recursos do Civil 3D.

Abraço a todos e até a próxima postagem.

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